4 Junho, 2025
“Os enfermeiros querem a paz. Não o que a guerra traz”
"Pela paz todos não somos demais. cumprir a Constituição de abril", foi o lema do IV Encontro pela Paz que se realizou a 31 de maio no Seixal, relembrando a importância de todos nós na luta pela paz.

O IV Encontro pela Paz, no passado dia 31 de maio, foi um grande momento de afirmação da luta pela paz, de rejeição da guerra, do militarismo e da corrida aos armamentos, pela solidariedade entre os povos.

Saudamos os mais de 1000 participantes, representando dezenas de organizações e com uma forte e expressiva participação de trabalhadores e estruturas do movimento sindical unitário, incluindo a participação do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, trazendo a força e a solidariedade dos trabalhadores do sector para a luta pela paz, pelo fim da exploração.

No final do encontro os participantes saíram em desfile pelas ruas do Seixal, trazendo ao de cima os valores de abril e os princípios presentes na Constituição da República Portuguesa e servindo de alavanca para a necessária mobilização em defesa da paz nos próximos tempos.

Valorizamos e apelamos à participação dos trabalhadores na luta pela paz e a solidariedade com os povos vítimas da guerra, opressão, bloqueios e ingerências, trazendo a força de quem trabalha na luta pelo fim da guerra e da exploração.

Os enfermeiros não podiam deixar de marcar presença porque também cuidam da Paz.

Partilhamos o testemunho da participação e preocupação dos enfermeiros, com a intervenção de Isabel Barbosa, coordenadora da Direção Regional de Lisboa do SEP, no IV Encontro pela Paz.

“Camaradas e amigos,

Sou enfermeira e dirigente sindical do SEP – Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, sindicato de classe dos enfermeiros, e como tal, entendo, que no nosso caso, temos uma dupla responsabilidade de lutar pela paz.

É com enorme preocupação que olhamos para o mundo e assistimos a desigualdades gritantes, vidas e povos de primeira e de segunda, exploração, miséria, pobreza, conflitos, bloqueios, guerras e genocídios.

Uma tendência que querem aprofundar, como é bem patente nas afirmações do líder da NATO a pedir aos europeus que façam mais sacrifícios, com cortes nas pensões e na saúde.

Não se confunda defesa da soberania com militarismo e guerra. Não queremos mais dinheiro para armas, quando sabemos que:

Um caça F-35 equivale ao custo de um hospital médio com 300 camas, a 40 mil tratamentos relacionados com diabetes, a 2 mil cirurgias cardíacas; um tanque Leopard significa 100 mil doses de vacina COVID; um míssil balístico intercontinental corresponde a um milhão de consultas de oncologia e um porta aviões a um ano de despesa do SNS em Portugal.

Camaradas e amigos,

A Organização Mundial de Saúde contabilizou 1.200 ataques a hospitais, clínicas e ambulâncias em 2024 incluindo Afeganistão, Haiti, Líbano, Mianmar, Sudão, Ucrânia e com especial gravidade na Palestina, sobretudo na Faixa de Gaza.

Uma tendência que se agravou nos últimos anos, segundo o secretário-geral da OMS.

Desde 2018, foram registados ataques em 21 países e territórios, incluindo profissionais de saúde e utentes. Os atingidos são os mais vulneráveis que tentam aceder aos cuidados de saúde afetando idosos, crianças, gestantes, pessoas com deficiência e outras com as mais diversas patologias.

A legislação internacional exige que serviços de saúde sejam ativamente protegidos e começa a ser banal a violação da lei em contexto de guerra, constituindo uma aberração dentro da guerra que por si só é já uma aberração.

É nossa obrigação lutar pela paz e contribuir para o esclarecimento. Por isso, realizámos recentemente um debate na Direção Regional de Lisboa do SEP no âmbito das comemorações da Revolução de Abril, onde procurámos refletir sobre as consequências da guerra no acesso aos cuidados de saúde, e o caminho para defender a paz.

Tal como refletimos nesse debate: em contextos muito adversos, na ditadura fascista, acabámos com a guerra colonial, contribuímos para libertação dos povos e fizemos a revolução de Abril.

É fundamental lutar pela paz. Pelo futuro, pelo nosso povo e os nossos filhos!