Este é o número absurdo da carência a que deve ser acrescentado a falta de enfermeiros especialistas e gestores
Aos 1432 enfermeiros generalistas em falta na ULS do Algarve deve ser acrescentado os cerca de 500 enfermeiros especialistas, dos vários domínios de especialidade, e os cerca de 70 enfermeiros gestores (um por cada unidade prestadora de cuidados).
Para que não restem dúvidas, para chegar ao número de 1432 enfermeiros generalistas foi utilizado o Regulamento das Dotações Seguras da Ordem dos Enfermeiros. São números que não podem ser desmentidos.
Relativamente às Unidades de Saúde Familiar e às Unidades de Saúde de Cuidados Personalizados foi utilizada a orientação da Organização Mundial de Saúde que determina que cada Enfermeiro de Família deve ser responsável por 1200 pessoas e que sempre apresentámos como reivindicação junto do Ministério da Saúde, sem sucesso.
Sobre os enfermeiros especialistas e não obstante a ausência de abertura de concursos (que continuamos a exigir) que permitam o acesso às dezenas de enfermeiros com título, ao salário previsto na categoria de Enfermeiro Especialista:
- faltam Enfermeiros Especialistas de Reabilitação para as Equipas de Cuidados Continuados Integrados. Identificamos de acordo com os contratos estabelecidos a necessidade de 24 equipas de acordo com a Portaria nº 156/2025/1 de 7 de abril, ou seja, 48 enfermeiros especialistas de reabilitação, 24 especialistas de Médico Cirúrgica e outros tantos de Pediatria
- faltam 23 enfermeiros especialistas de Saúde Materno Obstétrica no Bloco de Partos do Hospital de Faro e para algumas das UCC para garantir a preparação para o parto, “cantinho da amamentação”, etc.
- estimamos que faltem cerca de 100 enfermeiros especialistas em Saúde Mental, entre os que identificámos nos serviços de psiquiatria dos dois hospitais e a necessidade destes enfermeiros para operacionalizar as equipas comunitárias de saúde mental (é exigido o impossível aos colegas do hospital de Portimão que é dar resposta aos concelhos de Portimão, Lagos, Aljezur, Vila do Bispo e Monchique). E, importa não esquecer a necessidade de Enfermeiros Especialistas em Pedo-Psiquiatria tanto mais que o número de crianças e jovens com necessidades especiais e adições tem vindo a aumentar.
- faltam enfermeiros Especialistas em Médico Cirúrgica, incluindo de acordo com as Dotações Seguras, nas Urgências Hospitalares, nos Serviços de Urgência Básica, nas Unidades de Convalescença, nos Blocos Operatórios, nas Unidades de Cuidados Intensivos, de Cuidados Intermédios, de AVC, etc.
Quanto aos Enfermeiros Gestores reiteramos a necessidade de ter um enfermeiro gestor em cada unidade prestadora de cuidados (serviços hospitalares e unidades funcionais dos centros de saúde)
E, ao final de seis anos ainda não abriu qualquer concurso para enfermeiro em lugar de Direção.
Para além desta realidade da carência, outros factos:
- nas USF há enfermeiros a adquirir material e fardas, do seu próprio bolso. Importa realçar que nunca foram pagos os incentivos financeiros que têm como objetivo a aquisição de material, a melhoria dos equipamentos e para a formação dos profissionais.
- Em algumas UCSP exatamente o mesmo para além de termos constatado os dados errados que constam do BI-SNS. Em muitas das UCSP o número de enfermeiros que constam na plataforma está errado.
- O número brutal de enfermeiros em falta nas Unidades de Cuidados na Comunidade precisamente aquela que permitiria aumentar a presença de enfermeiros nos domicílios
Estes números são a evidência da razão pelo recurso sistemático a horas extraordinárias, a turnos ilegais de 12 horas e, em algumas circunstâncias os turnos de 16 horas.
Os algarvios precisam saber que os “seus enfermeiros” não fazem mais porque são poucos para as necessidades. A exigência de contratação e de retenção de enfermeiros tem que ser um desígnio de toda a população algarvia porque só assim conseguiremos reforçar o Serviço Nacional de Saúde na região, garantir cuidados de qualidade e, os profissionais conseguirão ter vida para além do trabalho.
