Foi com profundo pesar que a Direção Nacional do SEP teve conhecimento do falecimento da Professora Doutora Enfermeira Marta Lima Basto. Com um forte abraço de solidariedade envolvemos a sua família.
Num momento em que a Enfermagem Portuguesa fica mais pobre, importa continuar a homenagear a Enfermeira Marta Lima Basto, revisitando o seu percurso profissional e as causas que abraçou – também enquanto dirigente do nosso sindicato.
“Apaixonada pela profissão, incansável na busca do saber, generosa na partilha desse mesmo saber, sempre com o intuito de contribuir para o desenvolvimento da profissão, numa busca constante de exigência e rigor, de modo a garantir cuidados de enfermagem baseados num conhecimento próprio que só a investigação pode proporcionar.” (Lisete Fradique, in “Enfermagem em Foco”, nº 118, pág. 15)
Marta Lima Basto integrou em 1976 a Direção Nacional do Sindicato dos Enfermeiros da Zona Sul e presidiu à Mesa da Assembleia Geral, em 1984, ano em que celebrámos os 50 anos do sindicato*.
A importância de Marta Lima Basto para a Enfermagem portuguesa é incontornável. Desbravou caminhos, foi pioneira por exemplo na investigação em Enfermagem e muito a si devemos a criação do Doutoramento em Enfermagem na Universidade de Lisboa.
Estamos convictos de que, com o seu percurso e a sua tenacidade, teve um papel determinante na demonstração da imprescindibilidade do papel dos enfermeiros nos serviços de saúde.
Marta Lima Basto sabia que o reconhecimento externo do papel dos enfermeiros passava também por estes ocuparem lugares de decisão, o que fez, por exemplo, na Inspeção Técnica da Direção Geral de Saúde e na Comissão Nacional de Humanização e Qualidade dos Cuidados de Enfermagem.
A “humanização dos cuidados” era uma bandeira que sempre manteve erguida.
Num tempo em que Portugal era “um país pequeno com muros altos”, em que a grande parte das mulheres não estudava e poucos portugueses tinham oportunidade de sair para o estrangeiro, em que as mulheres para sair do país tinham de ter autorização do pai ou do marido, o curso de Enfermagem não conferia Grau Académico e as enfermeiras, como as professoras primárias, não podiam casar, Marta Lima Basto obteve em 1965 uma Bolsa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para frequentar um curso de Visitação Domiciliária, na Dinamarca.
Em 1966 novamente com a bolsa de estudos da OMS volta a fazer formação, dessa vez nos Estados Unidos da América, na área da Saúde Pública.
Em 1979/80 obteve o Master of Science pela Universidade de Manchester e em 1995 tornou-se a primeira enfermeira portuguesa a obter o grau de Doutor, defendendo uma tese escrita em Inglês “Implementing Change in Nurses Professional Behaviours”.
Em 2002, recebeu a Medalha de Ouro de Serviços distintos do Ministério da Saúde e um Louvor com distinção da Ordem dos Enfermeiros.
Em 8 de março de 2021 foi condecorada com o Grau de Comendador da Ordem de Mérito pelo Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa “pelo seu caráter, inteligência, capacidade de liderança e exigência, sentido de serviço público e pelo seu profissionalismo, mas decerto, por a considerar um símbolo digno de representar, neste ano tão difícil, as mulheres enfermeiras, afirmando: a grandeza, a resiliência e compromisso que milhares e milhares de mulheres colocam ao serviço dos outros”.
Já tinha sido agraciada, no Dia de Portugal, em 2004, como Grande Oficial da Ordem da Instrução Pública pelo Presidente da República, Doutor Jorge Sampaio.
Pelos caminhos que trilhou, pelas causas que abraçou, pelas pontes que sempre conseguiu estabelecer, Marta Lima Basto ficará para sempre na nossa memória e no ADN da Enfermagem Portuguesa.
Exéquias Fúnebres
Marta Lima Basto
19 de janeiro de 2024
Das 10h00 às 14h00 – Velório na Capela do Cemitério do Alto de São João
