Resultado de uma ineficiente estratégia de contratação de recursos humanos, os enfermeiros dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) são confrontados com elevados ritmos e sobrecargas de trabalho, com excessivo e exponencial número de horas extraordinárias (ilegais, porque programadas), que não são pagas na generalidade dos serviços.
Os HUC têm até julho de 2009, um inaceitável débito aos enfermeiros de cerca de 54.000 horas, ou seja, cerca de 7.700 dias, o que corresponde a 21 anos de trabalho.
Este débito de horas, dias e anos, resultado da não contratação de mais enfermeiros, para suprir a efetiva e oficialmente demonstrada carência de enfermeiros tem como consequência:
- A redução do número de enfermeiros por turno, não permitindo cumprir as dotações seguras para responder às actuais necessidades em cuidados de enfermagem com o exigível grau de segurança para os utentes/doentes e profissionais, pondo em causa a qualidade dos cuidados;
- A não substituição de enfermeiros, chegando a atingir 20 a 30% das equipas prestadoras de cuidados, obrigando ao recurso sistemático a horas extraordinárias (ilegais), em detrimento da aplicação do regime de horário acrescido (42 horas semanais de trabalho), conforme carreira de enfermagem. Este regime de trabalho (42 horas), num quadro de exercício profissional de risco e particularmente penoso, como é a profissão de enfermagem, deve ter um carácter excepcional e transitório.
Para além destes aspectos, a administração dos HUC tem vindo paulatinamente a reunir com as equipas de enfermagem tentando demover os enfermeiros para que não requeiram o pagamento das
horas extraordinárias com o velho e estafado argumento de que não há dinheiro para pagar as horas em débito.
Esta cultura do medo nos HUC continua a ser promovida pelos “bem mandantes” a quem os romanos chamavam clientes, que disseminavam à sua volta um clima de medo.