Não haverá salas, macas e camas nas urgências que cheguem.
Temos tido Planos de Contingência para a gripe e para as ondas de calor.
É expetável que venhamos a ter Planos de Contingência do frio (novembro a março), da seca (a partir de abril) e das ondas de calor (de julho a outubro). Todo o ano em contingência.
Claro que o aumento das necessidades em saúde nada tem a ver com a alteração do perfil epidemiológico dos portugueses.
Diria o ti Manel, com a sabedoria dos 87 anos e 4 doenças crónicas: “tenham dó e paciência, já não vos posso ouvir sobre essa coisa da re-estruturação das urgências. Preciso é que alguém venha a casa ensinar-me, orientar-me, cuidar e tratar de mim, quando as minhas mazelas descompensam”.
Todos sabemos:
- 3,5 milhões de portugueses com mais de 65 anos, dos quais 1 milhão com mais de 75;
- das mais elevadas cargas de doença após os 65 anos;
- elevada taxa de dependência;
- lares e unidades da rede de Cuidados Continuados pouco qualificadas para as necessidades;
- número insuficiente de unidades de cuidados na comunidade nos centros de saúde e com poucos recursos, designadamente enfermeiros.
Daqui a poucos anos não haverá corredores, salas, macas e camas nas urgências e nos hospitais que cheguem. E, claro, a culpa será do SNS, que não dá resposta!
CORREIO DA SAÚDE
Artigo de José Carlos Martins, Presidente do SEP
Publicado no Correio da Manhã de 18-01-2018