25 Outubro, 2023
Serviço Nacional de Saúde e as medidas avulsas
Numa população cada vez mais envelhecida e com mais doenças crónicas, o Ministério da Saúde “atira” o acompanhamento destes portugueses para longe dos centros de saúde, “empurrando-os” para farmácias, urgências e privados.

O Ministro da Saúde decidiu que os doentes crónicos podem apenas dirigir-se às farmácias para terem acesso aos medicamentos que lhes serão prescritos pelos médicos para um determinado período de tempo.

Importa afirmar que já hoje esta situação acontece e, assim sendo, questionamos qual é a novidade que levou o Ministro da Saúde e o Diretor Executivo do SNS a fazerem este anúncio com pompa e circunstância.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses entende que os doentes crónicos:

  • Devem ser acompanhados de forma regular e sistemática por equipas multidisciplinares (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, etc.), em que cada profissional deve colaborar no quadro das suas competências, no âmbito do processo único do doente que, inadmissivelmente, ainda não existe
  • Este acompanhamento deve continuar a ser efetuado pela sua equipa de saúde familiar e pelas Unidades de Cuidados na Comunidade
  • Devem ser avaliados numa perspetiva holística para evitar situações de agravamento ou agudização da doença e consequente deslocação às Urgências, e porque os seus problemas podem ser indicativos da necessidade de atuar preventivamente noutros membros da família.

Sendo exigível uma Estratégia de Saúde clara e participada, o que estamos a assistir por parte do Ministério da Saúde é:

 – O anúncio avulso de medidas para o SNS cujo impacto na acessibilidade e segurança dos utentes e doentes, na eficácia e na obtenção de ganhos em saúde é questionável e nunca é mencionado.

 – A ausência de medidas promotoras de respostas integradas, articuladas e locais, “empurrando” doentes e utentes para urgências, farmácias e prestadores privados.

Reafirmamos que qualquer medida que possibilite o afastamento de doentes e utentes dos Centros de Saúde é diminuir a sua acessibilidade a cuidados de saúde.