21 Abril, 2020
Enfermeiros sem direito aos devidos €2
Aumentos salariais anuais. São 2 miseráveis euros por mês mas que são dos enfermeiros.

O governo impôs, após 10 anos sem qualquer aumento salarial anual, 0,3% para 2020. São 2 euros ilíquidos que… significarão um aumento, diríamos de €1,5 por mês. Um problema informático, assim justificou o governo, não permite que os enfermeiros recebam, em abril, estes €1,5 e assumiu que isso irá acontecer em maio.

Não é o valor. É o impacto emocional!

Não esquecemos a imposição governamental de não contabilizar o tempo de serviço a cerca de 20 mil enfermeiros. Os mesmos que hoje estão na linha da frente e que durante esses anos adquiriram competências que os define como peritos em cuidados intensivos, urgências, blocos operatórios, internamentos, equipas de saúde familiar ou na comunidade ou, ainda, em cuidados paliativos.

Não esquecemos as instituições que, apesar ser sua a responsabilidade de avaliar os enfermeiros, não o fizeram e, atribuíram zero pontos a esses anos prejudicando a progressão na carreira.

Não esquecemos que o Governo assumiu rever a Carreira de Enfermagem, valorizando-a e, afinal, a que impôs desvaloriza o desenvolvimento profissional dos enfermeiros e, em consequência o próprio Serviço Nacional de Saúde.

É a falta de equipamentos de protecção, são as diferenças de pagamento a CIT e CTFP no âmbito da Doença Profissional, são as imposições de disponibilidade total por parte das administrações mesmo quando está em causa a assistência a filhos menores nas famílias monoparentais ou quando os 2 progenitores pertencem às profissões consideradas essenciais.

São os horários de 12 ou mais horas, ilegais, ainda que em Estado de Emergência; São as horas negativas acumuladas ainda que a rotatividade “em espelho” seja uma imposição das administrações e uma orientação do Ministério da Saúde; são os milhares de horas extraordinárias não pagas e ilegalmente transformadas em bolsas de horas.

São os 168 enfermeiros do Hospital de Braga que continuam a receber €1060. Para resolver este problema foi pedido intervenção da Ministra da Saúde, do Primeiro-ministro e do Presidente da República. Nada! É mais importante um enfermeiro no Reino Unido que 168 que trabalham na linha da frente num hospital público em Portugal.

Só mesmo o sentido de responsabilidade, o cumprimento do seu Código Deontológico e a motivação da prestação de cuidados a quem precisa, os doentes, que dá a resiliência a este grupo profissional continuadamente maltratado pela tutela e administrações.

Nota enviada aos media a 21 de abril 2020