TEMA CAPA
A Crise Climática afeta todos os setores da sociedade. A saúde e os seus profissionais não são exceção e a ligação é bastante inteligível: os efeitos das alterações climáticas na saúde humana irão, num futuro não tão distante assim, colocar sérios desafios aos serviços de saúde e aos seus profissionais, que serão chamados a responder à pressão que, incontornavelmente, se irá fazer sentir no setor.
Este ano, as evidências das alterações climáticas foram por demais evidentes – e mesmo assim, da COP 27 (Cimeira do Clima), que decorreu há apenas algumas semanas, foram escassas as respostas efetivas a sair deste encontro para uma crise que assola o mundo. Tanto lá fora, como por cá, em 2022 não faltaram notícias sobre episódios climáticos extremos: das inundações no Paquistão – com 30 milhões de pessoas deslocadas das suas casas -, à pior seca dos últimos 40 anos no Corno de África – que está a colocar em risco 22 milhões de pessoas devido à fome, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), sem esquecer as repetidas ondas de calor, grandes incêndios e seca que afetaram o nosso país, em pleno continente europeu.
A ligação entre as alterações climáticas e a saúde e os seus profissionais é de tal forma evidente, que já na anterior COP 26, realizada em novembro de 2021, a saúde assumiu mesmo um papel de destaque, enquanto uma das áreas científicas prioritárias. Mereceu inclusivamente a elaboração de um relatório pela Organização Mundial de Saúde (OMS) intitulado “Climate change and health research: Current trends, gaps and perspectives for the future” (“Alterações climáticas e investigação em saúde: Tendências atuais, lacunas e perspetivas para o futuro”, numa tradução livre), que veio confirmar o interesse crescente da parte dos investigadores no cruzamento das áreas da saúde e das alterações climáticas na última década.
Mas, quando falamos de alterações climáticas, que tipo de fenómenos extremos podemos esperar e que efeitos negativos poderão ter na saúde humana?
Recentemente, a Covid-19 permitiu ao mundo um vislumbre do impacto que a ação humana pode ter sobre o ambiente e a natureza – e o papel fundamental dos profissionais de saúde e, em particular, dos enfermeiros -, mas a verdade é que, sob o véu do Antropoceno (“época caracterizada pelos efeitos da atividade humana no clima e no funcionamento dos ecossistemas da Terra”, segundo o Dicionário Priberam), muitos outros efeitos se escondem e os dados traçam um retrato, no mínimo, temível: de acordo com a OMS, no ano 2000 as alterações climáticas causaram 150 mil vítimas mortais em todo o mundo, e em 2015 um estudo recente da organização previa que essas mortes aumentassem para 250 mil por ano, até 2040, a nível mundial.
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