São Rodrigues coordenadora da Direção Regional de Castelo Branco, na “Grande Entrevista” da Beira Baixa TV, fala dos problemas de enfermagem e dos enfermeiros da região.
O trabalho de enfermagem é um trabalho insubstituível e imprescindível. Foi notório neste momento difícil da pandemia a resposta cabal e profícua dada pelos enfermeiros.
Resposta que só pode ser dada com rigor técnico e científico com que os enfermeiros respondem sempre às populações.
Não somos heróis. Precisamos sim, ser respeitados, reconhecidos e dignificados. É por isto que lutamos diariamente.
Lamentavelmente, o ministério/ governo, gerindo diariamente esta crise, não garantiu as condições necessárias para com os profissionais de modo a haver uma resposta mais harmoniosa. Consequentemente levou à exaustão dos enfermeiros.
É de sublinhar o papel determinante do SNS como garante de proteção de todos na pandemia. A saúde não pode ter concorrência. Não é um bem mercantilizavel. Uns vivem do SNS, outros vivem para o SNS.
Admissão de enfermeiros
Na nossa região faltam enfermeiros. Não é exceção em relação ao resto do país.
A Cova da Beira tem vindo a perder profissionais de enfermagem por diversos fatores. Enfermeiros que não têm contratos, os que acumulam imensas horas extraordinárias e que não são pagas, as equipas desfalcadas com dotações a não serem cumpridas nos serviços.
Mas cerca dos 3000 enfermeiros saíram do curso de 2001 e deveriam ter sido absorvidos pelo SNS. Não o foram por razões políticas. Os recursos humanos têm que ser vistos e revistos pela Tutela. São uma mais-valia. São o garante do SNS.
Isto tem a ver com opções políticas os recursos humanos tem que ser vistos e revistos pela tutela como uma mais-valia São estes que garantem vida ou SNS. A precariedade é um flagelo. Durante a pandemia esta gestão de recursos em relação as admissões foram diminutas face aquelas que já existiam. Na vacinação, como exemplo, foram os enfermeiros que tiveram papel fundamental e preponderante para que fosse um êxito nas metas a atingir. Foi prova da missão da enfermagem portuguesa e o Ministério da Saúde não está à altura de reconhecer este papel ao longo destes anos.
Carreira de Enfermagem
A Carreira é um alicerce para a realização e para os profissionais serem reconhecidos pela Tutela. A carreira é o reflexo do desenvolvimento profissional mas temos imensos problemas por resolver. Nomeadamente em competências, categorias, formações, desigualdades, etc.
Greve de 3 e 4 de novembro
O grande responsável por esta greve é o Governo e o Ministério da Saúde. Perante um documento conjunto dos sindicatos de enfermagem, nada fizeram. Vinca ainda mais os motivos para esta greve.
Isto exige uma capacidade da nossa parte (sindicato) com toda a nossa capacidade de organização, sentido de responsabilidade, consciência de classe e rigor e, acima de tudo, com verdade junto dos enfermeiros.
Ministério da saúde está a tentar aproveitar-se do desalento, exaustão e revolta.
Para nós as lutas são sempre um garante para mais e melhores Cuidados de saúde. Mas obviamente não se pode dissociar das remunerações e condições de trabalho que devem ser valorizados.
“Quem respondeu à pandemia foram as profissões consideradas essenciais e são efetivamente aquelas que mais baixo salário têm”.