2 Outubro, 2009
Comemora-se o trigésimo aniversário do hospital de Faro. Ser uma instituição de referência é uma responsabilidade dos seus profissionais.

 

 

Mas os profissionais questionam-se onde está o reconhecimento, o respeito e a equidade.

Segundo o SEP os enfermeiros são o maior grupo de profissionais do hospital, estão 24 sobre 24 horas com os doentes, estabelecendo com eles e os familiares relações de confiança.

Mas este é também o grupo profissional mais explorado cujos direitos são menos respeitados que trabalham em condições mais precárias e com confrontando-se com uma carência estrutural de mais enfermeiros e recursos materiais.

A mesma fonte sindical faz um retrato da realidade do hospital:

  • Tem 280 enfermeiros a CIT a termo ainda que todos estejam a desempenhar funções de carácter permanente.
  • A administração admite que a vinculação definitiva não acarreta mais despesa para a instituição
  • A mobilidade dos enfermeiros dificulta a fixação das equipas e torna a instituição menos competitiva quando comparada com outras.
  • Existem horas extraordinárias que não são pagas
  • A administração sempre afirmou que o facto de não ser uma empresa pública impedia a tomada de decisões mais ágeis, nomeadamente em relação aos profissionais.

O hospital passou a empresa publica mas a precariedade agudiza-se. É assumido como medida de gestão a passagem dos CIT a vínculo definitivo ao final de apenas 3 anos de exercício. A precariedade só serve para perpetuar o clima de “terror” e a coação agrava-se.

Mas em contrapartida, o mesmo hospital paga 1500€ por um fim-de-semana a um único profissional (não enfermeiro). Estes e outro tipo de contratos milionários são públicos e estão afixados.

 

Neste contexto o SEP analisa:

  1. A passagem a empresa pública não serviu para fixar os profissionais de enfermagem,
  2. As medidas economicistas só se aplicam aos enfermeiros,
  3. Apesar de necessários, o hospital continua a não garantir dotações seguras de enfermeiros nos serviços
  4. Os enfermeiros têm um papel imprescindível na diminuição da taxa de reinternamentos, na mortalidade e morbilidade, mas o hospital não quer traduzir isso em ganhos para estes profissionais.
  5. Os enfermeiros têm um papel crucial na diminuição dos índices de infecções hospitalares que a acontecerem significa sempre um aumento de despesa para o hospital mas isso também não é mensurado.
  6. Os enfermeiros estão a ser utilizados, em muitos serviços, a mais de 150% e portanto a contribuir para a diminuição da despesa do hospital. O mesmo acontece relativamente às horas extraordinárias não contabilizadas.
  7. Os enfermeiros, em alguns serviços, nem conseguem prestar os cuidados de enfermagem que gostariam e que os doentes têm direito, tal é a sobrelotação dos mesmos.

Os enfermeiros sempre se assumiram como parte das soluções do hospital mas estão cansados e fartos de ser discriminados.