2 Março, 2020
De 2 a 6 de março irá decorrer a semana da igualdade em que se assinala a comemoração do Dia Internacional da Mulher trabalhadora. No que à enfermagem diz respeito existem ainda problemas que põem em causa os direitos na profissão.

 

Muitos questionam se ainda faz sentido continuar a abordar as questões de igualdade entre mulheres e homens.

Os factos não deixam dúvidas.

 

SER MULHER NA SOCIEDADE ATUAL SIGNIFICA:

Estar mais sujeita à precariedade:

Portugal é o terceiro país da UE com maior percentagem de trabalhadores com vínculo precário, e os mais afetados são as mulheres e os jovens, sendo que as/os trabalhadores/as precários recebem em média menos 30% que os trabalhadores/as com vínculo estável.

Auferir salários mais baixos:

  • As mulheres auferem um salário base que é em média 14.5% mais baixo que o dos homens (trabalho igual ou de valor igual)

Esta desigualdade sobe para 26.1% se considerarmos quadros superiores.

Na administração Pública mantém se uma evidência de discriminação no acesso aos cargos dirigentes (apenas 40% são mulheres quando representam 59% da totalidade de trabalhadores/as do setor)

  • Em consequência dos salários mais baixos as mulheres auferem reformas mais baixas.

 

Estar mais sujeita ao assédio:

As mulheres continuam a ser mais sujeitas ao assédio moral do que os homens (5% e 3% respetivamente).

 

Adquirir mais lesões músculo esqueléticas relacionadas com o trabalho/doenças profissionais:

As mulheres continuam a ser as mais afetadas por este flagelo que mata seis vezes mais trabalhadores/as que os acidentes de trabalho segundo a OIT.

As mulheres representam 70% do total de certificações de doenças profissionais na sua grande maioria incapacitantes.

 

NO CONTEXTO DE TRABALHO DA PROFISSÃO DE ENFERMAGEM:

A desregulação dos horários de trabalho dificulta a conciliação da vida pessoal e familiar com a vida laboral.

Todos os direitos devem ser respeitados:

É frequente vermos colegas questionarem o exercício dos direitos de parentalidade por considerarem que colocam em causa ouros direitos.

Contudo a verdadeira causa deste aparente “conflito de direitos” está na falta de uma adequada dotação de enfermeiros/as e em medidas de gestão que protegem os trabalhadores/as e permitam um verdadeiro respeito pelos direitos de todos os enfermeiros/as.

 

A emigração:

Continuamos a ver sair do país jovens enfermeiros/as em idade fértil sem que hajam incentivos à sua fixação apesar de Portugal ter das mais baixas taxas de fecundidade da União europeia.

É essencial que sejam criadas boas condições de trabalho, perspetivas de futuro/ desenvolvimento profissional para que estes jovens possam equacionar regressar ou nem sequer emigrar.

É urgente uma solução para a ausência de perspetiva de “descongelamento” de milhares de enfermeiros, que contribui em larga mediada para agravar o descontentamento, abandono da profissão e emigração.