
Tenho refletido sobre as razões que historicamente levaram as mulheres a ser discriminadas, praticamente em todo o mundo. Cheguei à conclusão de que a explicação reside na menor força física inerente ao género feminino. Foi ela, a força física, que determinou todas as discriminações negativas de que as mulheres têm sido vítimas e o domínio do género oposto.
Desde a casa, onde a violência doméstica ainda hoje marca presença com demasiada frequência, ao emprego, onde a preferência pelo género oposto continua a ser uma evidência, a discriminação negativa é uma constante associada à vida das mulheres. Isto é, contrariamente ao que parece, as mulheres não têm os mesmos direitos. Mas têm os mesmos deveres, ou mesmo mais.
A violência doméstica não precisa de explicações. Mas a “violência” no trabalho tem a ver com maternidade, fundamentalmente, e com as funções a ela associadas – gestação e amamentação – e as ausências do trabalho que estas funções impõem às mães.
O desenvolvimento das sociedades trouxe-nos a um mundo em que mulheres e homens precisam de trabalhar, sendo necessário por isso partilhar tarefas em casa, quando outrora as tarefas de cada um estavam claramente estabelecidas – a mulher trabalhava em casa ( a dona de casa ou doméstica ); o homem trabalhava fora ( o chefe da família) ; ela não era, e não é, remunerada; ele sempre foi remunerado.
Esta divisão primária , que teve a sua época, ainda hoje produz efeitos na discriminação negativa de que as mulheres são objeto profissionalmente – desde a preferência pelo género oposto nas admissões, promoções, atribuições de postos de controlo, à atribuição de remunerações. Nas estatísticas se vê que a remuneração das mulheres é, por todo o lado em muitas atividades, inferior à dos homens.
Só uma sociedade mais educada – e por isso mais sensível aos direitos de cada um – permitirá ultrapassar completamente as discriminações negativas a que as mulheres têm sido sujeitas.
Só a consciência dos condicionamentos em que vivemos, a nossa determinação em vencê-los e a nossa disponibilidade para lutarmos por direitos plenos, nos libertarão das grilhetas que apesar de todo o progresso ainda hoje nos limitam.
Qualquer que seja o nosso lugar na sociedade, a nossa luta tem duas vertentes principais, a meu ver,: reivindicar permanentemente a igualdade de direitos; e promover a educação e a inerente sensibilização aos direitos de cada um.
Só assim garantiremos a igualdade de oportunidades, independentemente do género.
Fátima Monteiro
Dirigente sindical
Delegação SEP do Porto
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, deixo-lhe este apelo:
És Enfermeira, és Mulher.
No teu dia-a-dia, no teu local de trabalho vês sonegado um dos mais elementares direitos como é o acompanhar o teu filho no processo de desenvolvimento como a lei prevê.
Reivindica os teus direitos, tanto como mulher mas também como trabalhadora. Junta-te a nós amanhã, dia 8 de março, pelas 11h30, em frente ao hospital de S. João!