Os enfermeiros dos centros de saúde algarvios foram informados por e-mail da orientação da ARS Algarve que terão também de assegurar os tradicionais postos de praia.
Esta obrigação dos enfermeiros assegurarem os tradicionais postos de praia, mais uma, está a provocar forte descontentamento nos exaustos profissionais, muitos a trabalhar dias seguidos sem folgar e com turnos de 12 horas, para poder dar resposta a atividades Covid e ainda à atividade assistencial, já de si limitada.
Em julho, outra orientação impunha direcionar os recursos para a vacinação massiva e o atendimento aos utentes Covid, a redução, se necessário, da atividade clínica, mantendo o atendimento dos utentes agudos, da vacinação não covid, da consulta de saúde infantil aos menores de 1 ano de idade, consulta de saúde materna, diabéticos não controlados e ADR.
Quais são afinal as prioridades da ARS ALGARVE?
Em cima do atual problema de saúde pública, temos um outro; o burnout e lesões músculo-esqueléticas que estão a levar os enfermeiros a ficar de baixa médica.
Em reunião com a ARS questionámos como previam dar resposta aos postos de praia. Informaram que com recurso a horas extraordinárias e mobilidade parcial. O certo é que também os enfermeiros do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) estão assoberbados com trabalho. A carência resulta, em alguns serviços, na diminuição do número de enfermeiros por turno e, por essa razão, a sua colaboração ficou aquém das expectativas da ARS.
Não é possível continuar a este ritmo que já dura há ano e meio, em que muitos não gozaram férias e, apesar da garantia do Secretário de Estado Lacerda Sales, em que não seriam suspensas férias aos profissionais do CHUA este ano, a verdade é que há enfermeiros a quem lhes foi suspensa as férias, contrariamente ao que foi dito publicamente pelo vogal do Conselho de Administração Paulo Neves!
EXIGIMOS SOLUÇÕES
As instituições algarvias são co-responsáveis pela manutenção do problema existente na região, por não exigirem por parte da tutela soluções.
É inacreditável que só seja possível continuar a contratar com contratos a termo incerto, agora agravado, por apenas se poder (re)contratar. Admissões a desempregados não são possíveis!
Exige-se que sejam criadas condições para poder admitir os alunos que estão prestes a sair das escolas de enfermagem.
Exige-se que se valorize a profissão e se trate bem os enfermeiros por forma a fixar os que cá trabalham e incentive quem está no estrangeiro a regressar.
Desde que acabou o estado de emergência e voltou a vigorar a possibilidade de demissão, várias dezenas se demitiram do CHUA, o que denota bem a insatisfação face às condições de trabalho, mas também à forma como são tratados.
Nota enviada aos media a 20 de julho 2021