28 Julho, 2022
Enfermagem em Foco – N.º 120

Esta é a nossa revista n.º 120. E é para ti.

Acede aqui  –  Parte I + Parte II

Passados dois anos de pandemia e seis vagas de covid-19, como está a saúde do nosso SNS, forte e saudável ou a precisar de cuidados constantes? Será o Serviço Nacional de Saúde capaz de evoluir e inovar-se ou é, ele mesmo, um doente crónico? E, na condição em que está, é sustentável?

“O que é óbvio é que se nos descuidarmos um único momento o processo de privatização da saúde é imediato e está a acontecer em todo o lado”, disse-nos Pilar del Río, a jornalista e Presidenta da Fundação José Saramago com quem conversámos umas destas tardes, enquadradas pelo rio e pela cidade, e que é a figura da rubrica Perfil desta edição.

Eugénio Rosa, economista e membro do Conselho Diretivo da ADSE, Tiago Correia, professor e investigador em Saúde Pública Internacional e Bioestatística, e a jornalista do Expresso Vera Arreigoso, que entrevistámos para o nosso tema de fundo, ajudaram a fazer o diagnóstico do estado de saúde do SNS e a identificar os fatores de risco mais aparentes. A promiscuidade e a dificilmente compreensível gestão de profissionais, instalações e equipamentos, a insuficiência dos orçamentos incapazes de colmatar estragos de décadas, o peso da máquina, o desfasamento das medidas e modelos de gestão dos recursos, tudo concorre para a degradação do SNS e da sua sustentabilidade/viabilidade com o efeito, último, de estreitamento constante do seu acesso universal em igualdade e com “o risco de o serviço ser só para aqueles que não têm dinheiro para o seguro de saúde”, como alerta claramente Eugénio Rosa.

Ou, como nos disse a Enf. Marlene Viegas, entrevistada para a rubrica Enfermeiros com voz, enfermeira emigrada na Suíça, defensora, com crítica, do SNS, “Eu pago (na Suíça) mas eu tenho acesso e em Portugal eu pago mas não tenho acesso.” O Enf. Diogo Gaivoto, enfermeiro emigrado na Arábia Saudita, partilhou connosco estas palavras lapidares: “Olho (o SNS) como um dado adquirido que temos, e que fazemos pouco por ele… O facto de podermos entrar no Serviço Nacional de Saúde e termos a garantia de que temos cuidados independentemente da nacionalidade, da origem, dos rendimentos, é algo que eu acho que damos de barato e prezamos muito pouco.” E cabe-nos a todos esse esforço, que começa com a reflexão e a análise do sistema, ações para as quais, neste número, damos mais um contributo.

No centro da vida, saúde e sustentabilidade do SNS estão os profissionais que o tornam possível. Como nos dizia o pai do SNS, António Arnault, “Sem carreiras, que pressupõem a entrada por concurso, a formação permanente, a progressão por mérito e um vencimento adequado, não há Serviço Nacional de Saúde digno desse nome.”

Por isso mesmo, os Enfermeiros saíram à rua nesta primeira metade de 2022, porque queremos mudar a atual carreira e não podemos esperar mais! Quero mudar o DL 71/2019 foi o lema que nos uniu nas ações de luta que culminaram nas celebrações do 12 de maio, Dia do Enfermeiro, e que documentámos nas páginas deste número da Enfermagem em foco.

 

Como afirma, em forma de poema, a Colega Sónia Barbosa, na nossa rubrica Olhar:

“Pedimos um olhar merecido de maior valorização
Que nos vejam como somos, na labuta, nossa e do outro, nossa real situação
Nosso trabalho sempre será feito por amor, paixão e compaixão
Mas que não se entenda, que isso, não exija uma boa compensação
E da boca, estas palavras que vos falamos, visam seguramente, um mundo mais humano, mais irmão.”

 

A todos que contribuíram para esta revista, o nosso agradecimento.

Como sempre, esta revista foi feita por ti e para ti, Colega.

Esperamos que gostes desta edição!