8 Agosto, 2024
Em Coimbra, este também não é o SNS que queremos
Com o encerramento de serviços de obstetrícia em vários pontos do país, as Maternidades em Coimbra (Daniel de Matos e Bissaya Barreto) continuam a dar resposta a todas as solicitações, à semelhança do que se verificou em anos anteriores.

Além das já conhecidas implicações para a vida e segurança das mulheres, bebés e suas famílias, a capacidade de resposta destes serviços, deve-se, sobretudo, ao esforço acrescido dos seus profissionais, designadamente dos enfermeiros, recorrendo a um enorme volume de horas extraordinárias e a constantes alterações dos horários de trabalho que podem levar os enfermeiros a prolongar o seu turno normal por mais horas.

Em plena época de férias, com a consequente redução do número de enfermeiros e outros profissionais nas equipas, acrescem e agudizam as dificuldades que durante o ano também existem.

A forma como a ULS Coimbra dá resposta ao caos instalado nos serviços de obstetrícia do país, é com a sobrecarga dos seus profissionais, tendo sido identificadas várias situações de exaustão e burnout e recomendando a alta precoce das mães e recém-nascidos, altas estas que contrariam as recomendações internacionais e cuja rede de apoio nos Cuidados de Saúde Primários não é suficiente.

Tal como em anos anteriores, as ações temporárias adotadas não conseguem (estão mesmo longe) resolver plenamente este problema.

Apesar das penosas condições de trabalho com que se deparam e da indecorosa desvalorização das suas carreiras, os enfermeiros das maternidades de Coimbra continuam a dar resposta com um enorme esforço e profissionalismo, em que muitos deles nem sequer são valorizados salarialmente pelo seu exercício profissional especializado.

O sentimento generalizado é de desmotivação e cansaço, levando muitos a abandonar o SNS e o país, o que agrava a capacidade de resposta às necessidades das utentes.

Nota enviada aos media a 7 de agosto 2024