Juntamente com os utentes da região, estivemos ontem concentrados para manifestar a nossa indignação contra mais um encerramento de um Serviço de Urgência Básica.
Os repetidos encerramentos do serviço de Urgência Básica de Castro Verde preocupam os enfermeiros deste serviço, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e os utentes.
Tivemos conhecimento que a situação vai reiterar-se e agravar no próximo mês devido à falta de médicos. A perspetiva no início do mês seria o encerramento durante vários turnos (5), e em especial hoje durante 24h.
Esse serviço de urgência básica abrange 5 concelhos (Castro Verde, Ourique, Almodôvar, Mértola e Aljustrel), quase 40000 utentes e dois complexos mineiros.
Este extenso território atravessado por vias rodoviárias essenciais as deslocações de interesse tanto nacionais como turísticas, perfaz um constante aumento do fluxo populacional.
Após a reunião com os enfermeiros que aqui prestam cuidados, reunimos com o Enfermeiro Diretor da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, EPE, para lhe transmitir as preocupações, com as consequências para profissionais e utentes, e conhecer as medidas pensadas para a resolução do problema.
O Enfermeiro Diretor afirmou que o Conselho de Administração da ULSBA, EPE tudo tem feito para a resolução do problema, mas que não se avizinham soluções positivas para este serviço de Urgência devido à dificuldade de fixação de médicos na ULSBA, EPE.
E até está a alastrar-se a outros serviços como a urgência pediátrica do hospital de Beja que está fechada desde as 20 horas de ontem até as 8 horas de sábado enquanto o bloco de partos também esteve fechado nas últimas 24horas e reabriu hoje de manhã.
Este problema insere-se na continuação de uma política de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente na valorização dos seus profissionais, das suas carreiras e das suas condições de trabalho, para a qual o SEP sempre tem vindo a alertar.
Para além das implicações para os profissionais e utentes deste serviço, esta situação agrava a sobrelotação do Serviço de Urgência do Hospital José Joaquim Fernandes e a resposta rápida aos utentes que verdadeiramente necessitam de cuidados de um serviço de urgência central.
É tempo de exigir soluções. A população do Baixo Alentejo tem direito ao acesso à saúde e precisa do funcionamento da SUB de Castro Verde em pleno. Sabemos o que é preciso. E não acreditamos em inevitabilidades.
Por consequência, estamos aqui hoje com o objetivo de reivindicar:
- O funcionamento em pleno do Serviço de Urgência Básica de Castro Verde tal como de todos os serviços da ULSBA;
- A melhoria das condições de trabalho e medidas de valorização que permitam a contratação e fixação dos profissionais;
- O direito à saúde para todos;
- O reforço do Serviço Nacional de Saúde.
Aproveito para salientar a importância do envolvimento de todos nesta ação, tal como nas várias iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas em torno da defesa do SNS, porque a saúde é um direito e sem ela nada feito.
Também deixar a nota de que lutar vale a pena: o SUB que hoje se previa estar fechado durante 24h, afinal está a funcionar. Congratulamos com este resultado, mas continuamos a exigir que a instabilidade decorrente das incertezas que os profissionais e utentes sentem no dia a dia não perdure.
Agradecemos a presença de todos: utentes, autarcas, jornalistas, representantes dos sindicatos da CGTP-IN, da união dos sindicatos de Beja e dos profissionais de saúde. Mas não podemos deixar de dar uma palavra especial aos enfermeiros da SUB que com o SEP dinamizaram esta iniciativa. Poderão sempre contar com o SEP, tal como o SEP conta convosco na luta por melhores condições de trabalho e pela defesa do SNS.
Contra o encerramento da Sub-Castro Verde, pela defesa do SNS.