8 Março, 2018
Pela Mulher no Dia Internacional da Mulher
Para todos nós é dia de comemorar as lutas em torno da conquista da igualdade de direitos entre homens e mulheres. E é, também, um dia para lembrar e dar vida às vidas de coragem que homenageamos e cujo nosso maior tributo é dar continuidade à luta pelos valores pelos quais pugnaram.

 

A discriminação de género,está presente no nosso quotidiano, muitas vezes dissimulada, concretizada de forma indireta, levando ao desperdício de um grande capital humano e perdas de produtividade, dando evidência à atualidade da luta pela igualdade plena, entre homens e mulheres.

É um facto – e não uma invenção femininista – que as mulheres ainda ganham menos do que os homens. É inadmissível que o fosso salarial em Portugal atinja os 17,5%!

É um facto que são elas as mais sujeitas à precariedade, que continuam a acumular mais horas de trabalho não pago, que têm as pensões mais baixas e que são em menor número nos lugares de chefia.

São factos entre outros tantos que deitam por terra as teorias que procuram branquear a necessidade desta frente de batalha.

Crescem os atropelos aos direitos de conciliação da vida laboral, familiar e social. Aumentou o recurso desnecessário ao trabalho por turnos e tem-se avolumado o ataque a direitos conquistados, como os de Parentalidade.

Ouvimos e lemos recorrentemente que muitas das discriminações advêm do papel histórico e social da mulher, ocultando o facto de que a discriminação da mulher ser tão-somente um instrumento de redução dos custos do trabalho.

É necessário recentrar a discussão, “não tapar o sol com a peneira” e evoluir efetivamente!

A emancipação da mulher está inteiramente relacionada com a sua independência e valorização económica, logo, à sua afirmação no trabalho. Compreendendo esta premissa irrefutável, torna-se evidente que é na conquista de condições/direitos laborais que a mulher e o homem poderão construir e materializar a igualdade.

No concreto, pugnar pela igualdade é intervir na especificidade das matérias de discriminação que persistem, nos horários de trabalho (caso das muitas lutas que o SEP liderou até reconquistar as 35 horas para CTFP e da qual não abdica até à publicação do IRCT para os CIT).

Construir Igualdade é lutar pela regulamentação do horário de trabalho, permitindo uma efetiva conciliação da vida laboral/pessoal e familiar, é exigir o pagamento das horas “a mais” como trabalho extraordinário, é pôr fim à usurpação surda de Horas e Descansos, aos Enfermeiros e Enfermeiras deste país.

Eliminar discriminações é exigir a efetivação dos direitos relacionados com a maternidade/paternidade, a conciliação da vida laboral/social/familiar que beneficiam homens e mulheres, sem hipotecar os direitos das equipas, exigindo a admissão de enfermeiros para que todos e todas possam exercer o direito elementar ao descanso.

Estas são frentes de batalha dos homens e mulheres Enfermeiros e Enfermeiras!

Estes são alguns dos motivos pelos quais lutámos e lutaremos já nos dias 22 e 23 de março e que estão na base da construção de qualquer sociedade onde se pugne pela Igualdade.

As conquistas necessárias à emancipação e evolução dos profissionais de enfermagem e da sociedade em geral fazem-se com um permanente braço-de-ferro. Irreverentes, resilientes, combativos e consequentes, porque lutamos e lutaremos sempre até conquistarmos os nossos objetivos de classe.

Não é isso que também no dia de hoje, o Dia Internacional da Mulher, celebramos e homenageamos?

É a firmeza das convicções, a visão e a perspetiva de futuro assente na coerência e na responsabilidade que nos permitirá dar “um passo em frente”, enquanto classe, enquanto MULHERES ENFERMEIRAS TRABALHADORAS, enquanto sociedade.