Neurorrecetores, genética, terapêutica médica e cirúrgica, inteligência artificial e neuroimagem são alguns dos temas que vão ser abordados no 33º eENE – Congresso da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE). Uma iniciativa que se assinala entre o dia 12 e 13 de março, no âmbito da Semana da Epilepsia, e que procura explorar os principais avanços nos últimos dez anos numa patologia que conta com várias barreiras por desconstruir.

 

“A epilepsia é uma doença neurológica crónica caracterizada pela existência de crises epiléticas recorrentes, não provocadas. Uma doença que ainda causa grande insegurança nos doentes, familiares e conhecidos, muito provavelmente relacionada com os casos mais graves. Isto é, a persistência de crises não controladas e de forma continuada pode criar lesões a longo prazo e, as descargas constantes, impedem o cérebro de se desenvolver normalmente, tornando-se irreversíveis se não forem tratadas atempadamente. Uma abordagem aos avanços nos últimos dez anos permite uma avaliação de quais as barreiras que ainda precisamos de desconstruir com esta patologia, melhorando o seu tratamento”, afirma Dra. Manuela Santos, presidente da LPCE.

Para explorar os avanços e os caminhos ainda a percorrer na área da epilepsia, o programa arranca com o conhecimento que os últimos dez anos nos trouxeram sobre os neurorrecetores e sobre o papel da genética. Posteriormente, decorrem sessões que focam a evolução da terapêutica médica e abordagem cirúrgica dos doentes com epilepsia refratária.

“Os números revelam, que em Portugal, existem 50 a 70 mil doentes com o diagnóstico de epilepsia. Destes, cerca de um terço serão refratários aos tratamentos médicos, ou seja, a doença não fica controlada mesmo com o melhor tratamento medicamentoso possível.  Uma parte dos doentes com epilepsia refratária, têm uma epilepsia passível de ser tratada cirurgicamente, o que torna fundamental um diagnóstico precoce e avaliação prévia do tipo de epilepsia para conseguirmos controlar o maior número possível de crises, causando o mínimo de efeitos indesejáveis. Uma abordagem que passa por um crescimento contínuo de conhecimento dos principais pilares desta patologia”, reforça Dr. Francisco Sales, neurologista e coordenador da comissão organizadora do 33ºENE.

 

Já no segundo dia, vão ser exploradas as redes europeias (EpiCare), com uma overview ao presente e futuro, a evolução organizacional de redes colaborativas nacionais e internacionais

na área da epilepsia, os avanços em inteligência artificial e processamento de sinal e na neuroimagem. O dia termina com o encerramento e entrega de prémios/bolsa da LPCE.

Dr. Francisco Sales reforça ainda que “na Semana da Epilepsia, este é mais um marco que demonstra o crescimento da nossa comunidade científica que, mesmo em tempo de pandemia, recorre a plataformas digitais para garantir que o tratamento desta patologia não fica esquecido”.

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