16 Junho, 2010
Entre 25 e 27 de maio realizaram-se por todo o distrito ações no âmbito da valorização de Enfermagem. Não esquecendo que os enfermeiros são profissionais de saúde, foram realizados rastreios e ações de sensibilização para a vigilância da saúde da população. A ação excedeu expectativas contando com a adesão de mais de 600 pessoas e a manifestação por parte de todos, sem exceção, pelas reivindicações da classe de enfermagem.

 

Esta iniciativa contou com a colaboração das Câmaras Municipais:

Barreiro: Realizou-se dia 25, de manhã, junto ao Mercado Municipal e teve a presença do Presidente da Junta de Freguesia, Raul Malacão.

Setúbal: realizou-se na Praça do Bocage, no período da tarde, de dia 25, contou com o testemunho escrito, da Presidente da Câmara, Maria das Dores Meira.

Santiago da Cacem: realizou-se no Jardim Municipal no dia 26. Contou com o testemunho e presença do Presidente da Câmara, Vítor Proença.

Seixal: manhã de 27 junto ao Mercado Municipal, contou com a presença da representante da área da Saúde da Junta de Freguesia do Seixal.

Almada: realizou-se dia 27, período da tarde, na Praça S. João Baptista.

 

UM GRANDE RESPEITO PELOS ENFERMEIROS DO MEUS PAÍS

Vítor Proença, Santiago do Cacém, abril de 2010

‘Um dos factos que mais admiro nos enfermeiros é a sua enorme capacidade para encontrar dois tipos de respostas: a intervenção positiva junto das pessoas que por qualquer razão necessitam de cuidados de saúde e a diminuição que muitas vezes conseguem de impactes negativos decorrentes do desleixo ou incapacidade do Estado nas respostas de Saúde Pública. Sinceramente, acho que muitas vezes conseguem milagres.

Desde há muito que valorizo os enfermeiros portugueses. Seguramente se não fosse a sua entrega e profissionalismo a respostas de saúde pública aos cidadãos seria pior.

Dão-me absoluta confiança, absoluta segurança. Sinto nos enfermeiros profissionais que sentem e atuam com um humanismo e um saber que tocam o físico, que tocam a nossa alma.

Muitas vezes trabalhando sem condições, nos limites do esforço físico, sem incentivos, não bem remunerados, constatei sempre nos enfermeiros uma entrega aos pacientes, aos cidadãos de forma totalmente abnegada.

Que triste o facto de um país, de uma governação, ou de uma administração que deixa no desemprego jovens profissionais altamente qualificados, nos quais o país e as famílias investiram ou que os deixa em situação tão precária que a muitos obriga a temerem o futuro.

Não entendo um país que tem carência de enfermeiros para servirem as pessoas e obriga alguns ao desemprego ou à precariedade.

Os enfermeiros merecem o meu apoio, o meu apreço. São os verdadeiros anjos da guarda do meu país.

Ao longo da minha vida, como paciente, como amigo, como familiar, testemunhei provas de heroísmo dos enfermeiros portugueses: em serviços de urgência exíguos face às necessidades; em cuidados intensivos vigiando permanentemente vidas que estão na fronteira; em blocos de partos acrescentando vida à vida; em blocos operatórios, cuidados paliativos ou outro tipo, e em tantas respostas pela vida, pela saúde, pela qualidade de vida.

Um país que entre outros não respeite os seus enfermeiros, será sempre um país adiado. Estou convicto que os enfermeiros são dos primeiros a querer o melhor para as pessoas do seu país.

Na medida do meu saber quero continuar a estar do lado certo, do lado daqueles que mais necessito em horas difíceis. Tenho a certeza que apoiando os enfermeiros defendo os interesses das populações.’

 

BEM HAJAM PELO VOSSO TRABALHO

Maria das Dores Meira, Presidente do Município de Setúbal

‘Segundo várias sondagens internacionais em que se pede às pessoas que classifiquem as profissões mais prestigiadas, a de enfermagem encontra-se entre as cinco mais prestigiadas do mundo ocidental.

Outros estudos mais importantes do que as sondagens indicam que a escassez de enfermeiros qualificados aumenta o risco e põe em causa as entidades prestadoras de cuidados de saúde.

Estou totalmente de acordo com o resultado destes estudos. Mais do que em qualquer outra atividade, a saúde depende dos profissionais que assistem as pessoas. E na linha da frente destes profissionais, encontram-se os enfermeiros.

Embora a escassez de outros profissionais de saúde seja um elemento grave de desequilíbrio na prestação de cuidados de saúde, é nos cuidados de enfermagem que reside o aspeto mais importante das potenciais falhas de qualidade e impacto sobre a qualidade de vida do utente dos serviços de saúde.

Por isso, é demagógico falar-se na promoção da qualidade em saúde quando, ao mesmo tempo, se reduz o rácio utente / enfermeiro e se desinveste na formação avançada e na qualidade de vida de cada enfermeiro.

Quer como utente dos serviços de saúde, quer como Presidente do Município de Setúbal quando me desloco em visita aos equipamentos de saúde concelhios, verifico que a quase industrialização dos serviços de saúde tem uma exceção – a relação de proximidade entre o doente e o profissional de enfermagem, que tem resistido a este fenómeno.

A técnica é importante, mas é incapaz de determinar o conteúdo da vida. Cuidar, o que os enfermeiros fazem e bem, é acima de tudo ajudar as pessoas a serem elas próprias, é dar-lhes atenção e afeto. Para um doente ou familiares, um sorriso ou um simples “posso ajudar?”, pode ser mais importante que a mais moderna tecnologia.

Bem hajam pelo vosso trabalho.’

 

O SEP informa os Utentes do Distrito:

Dados estatísticos mostram que Portugal é o país da UE em que a taxa de mortalidade infantil mais desceu desde 1965, data que coincide com a implementação do Plano Nacional de Vacinação (PNV). O esforço das equipas de enfermagem de cuidados de saúde primário, permitiu que hoje a taxa de cobertura vacinal até aos 10 anos seja próxima dos 100%.

A incidência de úlcera de perna ronda os 10% na população com 70 anos ou mais. Trata-se de uma situação extremamente pesada em termos económicos e sociais. Estima-se que nos países europeus o gasto com o tratamento das úlceras de perna é de cerca de 2% do orçamento para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo a Direcção Geral de Saúde (2001) cerca de 15% dos diabéticos tem condições favoráveis ao aparecimento de patologias dos pés. A “ferida” de pé diabético é responsável por 40 a 60% de todas as amputações não traumáticas. As taxas de amputação podem ser reduzidas em cerca de 49-85% se desenvolvermos medidas de prevenção e educação do doente.

Só no ano de 2009, num centro de saúde do nosso distrito, cerca de 150 utentes que eram portadores de feridas nos membros inferiores com compromisso de mobilidade, foram acompanhados pelos enfermeiros em cuidados domiciliários.

Nestes utentes, foram curadas:

28 feridas de úlcera de perna,

18 feridas de pé diabético,

33 feridas de úlceras de pressão.

 

Os Enfermeiros estão consigo na promoção e manutenção da sua saúde, mas também no tratamento e recuperação da sua doença!

O Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem cada vez mais utentes e cada vez menos profissionais para cuidar de si, nomeadamente enfermeiros!

Somos poucos nos serviços de Saúde (OMS), que recomendam que nos cuidados de saúde primários (centros de saúde) deva existir 1 enfermeiro para cada 300 famílias, para termos esta relação no país, faltam cerca de 5000 enfermeiros.

O Governo e o Ministério da Saúde, não estão preocupados com estes dados, impondo medidas de contenção orçamental que impedem a contratação de mais enfermeiros, sabendo no entanto, que há neste momento enfermeiros no desemprego!

Os enfermeiros sentem discriminados e desvalorizados face a outras carreiras:

  • Reivindicam tratamento igual a outros profissionais integrados nas carreiras especiais,
  • Defendem serviços de qualidade, com segurança e igualdade de tratamento,
  • Defendem uma sociedade justa em que a dignidade e o respeito sejam parte integrante sem exceções.

Lutam por uma carreira justa e digna

Lutam por melhores serviços de saúde