30 Maio, 2018
O Serviço Nacional de Saúde não pára de se degradar
A Plataforma Lisboa em defesa do SNS tem acompanhado com grande preocupação as notícias sobre a falta de capacidade de resposta de hospitais, do IPO e que têm levado à realização de várias lutas por diversos setores profissionais da saúde.

 

Alguns dos graves problemas identificados:

  1. Existem carências incompreensíveis no acompanhamento regular a doentes oncológicos como está a acontecer no IPO de Lisboa, onde no final de abril, 450 mulheres que tiveram cancro da mama, há menos de 5 anos, estão em lista de espera, há mais de 12 meses para fazer uma mamografia ou uma ecografia, quando se sabe que estão no período crítico de reincidência. Mais uma vez a solução encontrada, referida pela administração, é recorrer ao setor privado da saúde. A solução não pode ser o recurso ao setor privado. É mais caro, introduz discriminações sociais e geográficas e nem sempre oferece melhores e atempados cuidados.
  1. Também no Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria não há capacidade de resposta quer por falta de recursos clínicos quer por falta de espaço físico, levando ao adiamento de tratamentos.
  1. Ainda no Hospital de Santa Maria, desde o início de 2018, saíram 103 enfermeiros, tendo sido só contratados 49, provocando redução de serviços e, certamente, na própria qualidade: um setor de cirurgia encerrado temporariamente e a nefrologia pedriática, consultas e tratamentos em risco por falta de profissionais. Na Europa, há um rácio de cinco enfermeiros para cada médico, mas no Centro Hospitalar Norte o rácio é de 1,2 profissionais de enfermagem para cada médico.
  1. No Hospital Amadora-Sintra há menos 12 vagas em neonatologia e 3 na pediatria.
  1. No INEM terão ficado 6.700 pessoas em estado grave, por atender, entre janeiro e março deste ano, por falta de viaturas e equipamentos, pese embora já ter sido reforçada a frota automóvel. Os trabalhadores reclamam formação e uma carreira.

O SNS confronta-se com uma gravíssima carência de recursos humanos – com problemas ainda de carreiras, remuneração estabilização da condição laboral – na generalidade das instituições de saúde que coloca em causa a qualidade, a segurança dos cuidados e o tempo útil em que são prestados.

São apenas alguns exemplos da perturbação constante que afeta o SNS e que torna inaceitável a degradação deste sistema de saúde que, por obrigação constitucional, qualquer governo tem de tomar medidas políticas e financeiras para que se cumpra o acesso universal, com igualdade e equidade de todos os cidadãos do nosso país.

É inaceitável que os últimos Orçamentos de Estado não tenham em conta a reposição dos cortes profundos do anterior governo PSD/CDS que estão também a permitir que volumosos recursos públicos estejam a ser canalizados para o setor privado.

Portugal, o SNS, não pode esperar mais para que:

  • todos os profissionais de saúde sejam tratados como merecem, sejam admitidos com celeridade um conjunto significativo de trabalhadores de diversas funções;
  • se reforce a capacidade de gestão nos centros hospitalares e o volume de financiamento a todos os níveis;
  • se elimine a promiscuidade existente entre setor público e setor privado na saúde.

 

Nota enviada à Comunicação Social em 30 de maio de 2018

 

Plataforma Lisboa em defesa do Serviço Nacional de Saúde, é constituída pela:
Comissão de Utentes da Cidade de Lisboa, Direção Regional de Lisboa do Sindicato Enfermeiros Portugueses, FARPIL/MURPI, Movimento Democrático de Mulheres, Inter-Reformados de Lisboa, Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, Sindicato Médicos da Zona Sul, Sindicato Trabalhadores em Funções Públicas, Sindicato Nacional dos Psicólogos, Comissão de Utentes da Amadora e Sintra e União dos Sindicatos de Lisboa – CGTP-IN.