9 Abril, 2018
Em reunião com o presidente da ARS Algarve, sindicatos e trabalhadores aguardam pela concretização escrita e célere dos compromissos assumidos para voltarem a conduzir as viaturas de serviço.

 

Na sequência da recusa de condução por parte dos profissionais da Unidade dos Cuidados da Comunidade (UCC) Dunas em Portimão, a Direção do Agrupamento de Centros de Saúde Barlavento retirou todas as Assistentes Operacionais (AO) da UCC e proibiu-as de acompanhar as enfermeiras nas visitas domiciliárias.

Esta proibição, sem explicação, estende-se à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados e USF Atlântico Sul, ambas em Portimão.

Esta retaliação, de quem tem responsabilidade em dar resposta às necessidades em saúde da população, está a ter como consequências a dificuldade nas consultas de enfermagem no centro de saúde e a redução do número de domicílios, saindo apenas duas enfermeiras para os domicílios. Uma delas a substituir uma AO. Um absurdo e inaceitável desperdício dos escassos recursos.

Em S. Brás de Alportel, uma das viaturas que já tinha sido reportada com problemas, quase provocou um acidente quando entrou descontrolada em contramão.

Os profissionais das UCC Olhar+ (Olhão), Alportellus (S. Brás de Alportel) e Gentes de Loulé (Loulé) comunicaram, esta sexta-feira, a sua recusa de condução, juntando-se ao protesto.

Os recentes episódios são a “gota de água” que transbordou o “copo” da insatisfação. Já há muito que se repetem as queixas dos trabalhadores dos ACES do Algarve.

Essas queixas têm a ver com a falta de motoristas, a falta de viaturas, o estado e idade das mesmas e consequente o perigo que são as deslocações.

Os profissionais pretendem obter compromissos escritos por parte da ARS aos problemas que têm comunicado ao longo dos anos mas que são sucessivamente ignorados.

Em reunião urgente com o Presidente da ARS no dia 5 de abril pelas 12 horas, os sindicatos exigiram:

  • A revisão do regulamento interno da ARS onde assumam a responsabilidade dos danos nas viaturas de serviço e garantia da existência de seguro que cubra danos próprios, terceiros e ocupantes.
  • Estabelecimento da regularidade da manutenção e limpeza das viaturas e de quem se responsabiliza pela sua concretização.
  • Levantamento em todos os ACES dos trabalhadores que conduzem as suas viaturas particulares ao serviço da ARS, dando a indicação que todos esses trabalhadores requeiram autorização para uso de viatura própria, a avaliar pela ARS casuisticamente a sua pertinência. Em caso de autorização, abonar o pagamento ao km, nos termos da Lei.
  • Abertura de procedimento concursal urgente para todas as categorias profissionais de reconhecida carência
  • Mais viaturas disponíveis para a concretização, não só de visitas domiciliárias, mas de todas as atividades necessárias à promoção da saúde e prevenção da doença, nomeadamente saúde escolar, intervenção precoce, entre outras.

 

O Presidente da ARS reconheceu que não procedeu da melhor forma e que iria resolver a situação comprometendo-se em rever o regulamento interno da utilização das viaturas.

Informou que iria abrir procedimento concursal para AO, com funções de motorista. Já reuniu com as duas enfermeiras para apresentar desculpa e comunicou que iria reapreciar a deliberação sobre o pagamento dos danos nas viaturas.

Os sindicatos e os trabalhadores aguardam pela concretização escrita e célere dos compromissos, pois não voltarão a conduzir até terem garantias por parte da ARS.

A melhoria das condições de trabalho é essencial para uma melhor prestação de cuidados.

 

Nota enviada à comunicação social a 9 de abril de 2018.